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Monday, December 5, 2011

Amarelinha do Diabo









             Puta merda! Coisa louca! Ali. Logo ali. Na calçada daquele prédio em ruínas, aquela brincadeira  fluía com uma mistura de sombra e atrevimento sobre aquele grupo de seis crianças. Cheguei mais perto porque uma lembrança da minha infância saltitava no meu peito.  Mas todo essa sensação transformara-se em pedras quando fui supreendida por um raio que acredito ter caído próximo dali. Tudo passou a flutuar numa esfera medonha. Em milésimo de segundos, o dia virou noite.
              Aquele grupo de crianças passou a agir de forma estranha.
              Ao chegarem no número 6 da amarelinha, cada uma desaparecia no ar. De repente, as nuvens cinzas, os raios, o prédio e o grupo de crianças sumiram. Percebi a minha real situação com uns puxões na camiseta.

               - Ei. É a sua vez.

                Olhei pra trás. Uma pequena filinha nervosa esperava pela minha vez de jogar a pedrinha. Tive a sensação da pedrinha queimar nas minhas mãos. Uma coisinha, que não consigo falar pelo meu pequeno conhecimento das palavras, queria que eu atirasse. Eu tinha que atirar. 

                - Não tenho o dia todo.
                - Nós também quer jogar.

                Não esperei. Fechei os olhos com força. Atirei a pedrinha com tanta força que imaginei na hora ter jogado ela fora dos números da amarelinha. Abri os olhos devagarzinho com um medo que não sei de onde tava vindo. Meus olhos ficaram bem abertos quando vi que a pedrinha tava na casa 6.
                Mesmo que tremendo muito, comecei a dar os pulinhos. Cada vez que eu pulava nas casas, sentia uns pingos de chuva na pele, mas nao tinha nenhuma chuva porque tava um sol danado. E agora, bem na minha frente, a casa 6. Eu queria muito sair dali correndo. Aquele número 6 não era bom. 
                Pulei.





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