Os minutos se arrastavam e o jornaleiro tinha os olhos cravados em mim, e de repente o vi empalidecer. Eu, com as mãos estendidas para entregar-lhe o dinheiro, mas não me incomodaria se ele não quisesse recebê-lo. Num átimo, seus olhos revelaram algo que eu não sabia.
Gabriel ignorou os meus protestos de ser logo atendida e, apenas, continuou encarando-me. Os olhos que por um instante queimaram-me como gelo. Nunquinha em toda a minha existência em bancas de jornais, vi um um jornaleiro ficar desse jeito.
Depois de um breve momento, minha atitude foi de largar o dinheiro no balcão - infelizmente já estava contado, sem direito a troco. Voltei-me a Gabriel, dizendo, um tanto desnorteada:
- O que foi, senhor Gabriel? - não nego que experimentei uma irritação subindo à cabeça. Eu nunca aceitei o fato de ser ignorada por alguém.
- Vamos ler um pouco? - por fim ele falou. Sua voz era um tanto cavernosa.
- Hã? - eu fui me afastando dele em direção à calçada.
Inesperado, uma língua absurdamente enorme revelou-se da boca do jornaleiro!
Agarrou meus pés, colocando-me de cabeça para baixo. O sangue começou a subir para minha cabeça. As mãos dele foram tomando uma forma esquisita. Assemelhavam-se a de uma lagartixa.
Estranhamente o corpo do Gabriel...
Que horror. Eu quero a minha mãe!
Tudo aconteceu demasiadamente rápido. Agora, eu estava dentro de um novo corpo. A visão e o ar, aos poucos, eram-me tomados.
Tava sentindo falta dessas histórias....
ReplyDeleteBjs,
Duh